quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Resenha de Show > Legion of Nexus Fest (SP, 29/11/2014)

Enviado por Thiago Santos (Depressão Doomster)
Fotos por Fernando NokturnalMortum

O ano de 2014, que foi muito prolífico em relação a festivais e shows do doom metal nacional, ainda reservava muito para os fãs da cena. No último sábado, 29/11, pudemos presenciar mais um grande evento do estilo com nomes de peso, boa estrutura e casa cheia. O Legion Of Nexus Fest – Into The Dark Edition trouxe ao Blackmore Rock Bar, no bairro de Moema em São Paulo, 4 bandas experientes e seus fiéis seguidores, bem como novos que foram “convertidos” ali por conhecer o som de alguma delas pela primeira vez.

O cast do evento contou com: Crimson Dawn Project, Ravenland, Mythological Cold Towers e HellLight (todas de São Paulo/SP).

O público foi aparecendo aos poucos e, com o decorrer da noite, lotou o Blackmore Rock Bar para prestigiar o som autoral do Brasil, fato que merece destaque! Afinal, é essa receptividade e participação do público que faz tudo acontecer, fator que foi lembrado por todas as bandas da noite com agradecimentos.


Próximo às 23h, o Crimson Dawn Project, formado de músicos experientes na cena doom metal nacional, surgia no palco para dar início às apresentações da noite. 

Particularmente, eu fiz algo que pude perceber que foi pensado por muitos ali na platéia: quis deixar para conhecer o som da banda pela primeira vez ouvindo ao vivo. Uma grata surpresa! De cara, a banda chamou a atenção pelo peso das músicas e suas passagens que remetiam a grandes nomes como Cathedral e Candlemass (instrumentalmente, me lembrou de discos como Dactylis Glomerata e Chapter VI), aliados a um ótimo vocal, limpo na maior parte do tempo com outros momentos de mais drive e gutural. O som da banda mesclava passagens bem heavy (como lembrado pelo vocalista Edson Herrera, que brincou ao anunciar músicas mais nessa linha como “quebra de protocolo” da noite) com momentos do doom tradicional com instrumental muito bem trabalhado que merece reconhecimento. Ou seja, foi um show digno de nota, e era possível ouvir os comentários na pista de pessoas impressionadas com a banda, principalmente daqueles que, como eu, estavam ouvindo-a pela primeira vez.


Setlist – Crimson Dawn Project

1- Rising From The Ashes
2- Hecatomb
3- Harmony and Perfection
4- A Foolish Man History
5- The Death


Após um breve intervalo, os músicos da Ravenland já apareciam para dar prosseguimento aos shows. A banda, um dos maiores nomes do Gothic rock/metal do país, vinha de um hiato de mais de um ano sem se apresentar devido a problemas na formação. Agora com line-up estabilizado a banda pôde retornar às atividades e preparou um setlist com clássicos da banda e músicas novas, que integrarão seu próximo disco.
A essa altura, a casa já estava lotada, e havia alguns fãs fiéis ali presentes que pareciam conhecer cada verso de suas músicas, reconhecimento do tempo de carreira da banda. A apresentação foi bem competente, os músicos têm boa presença e entrosamento e pareciam estar bem preparados para a ocasião, com o carisma dos integrantes se estendendo ao público. Um dos destaques da apresentação foi a participação da percussionista tribal Bety Vinil, da banda brasiliense P.U.S., que também trabalhou com a banda na faixa que a banda gravou para o tributo brasileiro ao Moonspell, lançado recentemente. Foi uma adição interessante à música deles, embora o som alto da banda tenha ofuscado um pouco a audição de seu instrumento em alguns trechos, mas sem comprometer o resultado final.
Embora tenham sido a banda mais “diferente” da noite em termos de estilo musical (porém não tão distante assim na proposta), sua apresentação foi bastante coesa e cheia de energia e profissionalismo, agradando aos presentes que se mostraram atentos do começo ao fim.

Setlist – Ravenland

01 - Intro + Nevermore
02 - Regret 
03 - Sad Afternoon 
04 - End of Light 
05 - The Last Waltz 
06 - Poisoned 
07 - The Crow 
08 - Memories

O Mythological Cold Towers veio em seguida e o que se seguiu foi um transe coletivo da platéia que, com grande entusiasmo, cantou junto e se rendeu à atmosfera única da banda. Foi outro show com gosto de novidades, em que foram apresentadas músicas consagradas, como “Immemorial”, e outras de seu novo álbum ainda a ser lançado. Destaque para a nova “Beyond The Frontispiece”, momento marcante do show, que mostrou aquilo que já sabemos poder esperar da banda em seu novo trabalho: feeling, peso e aquele toque único e característico de vocais e instrumental que rapidamente nos remete a eles.
Boa parte do público demonstrava em seus rostos o prazer de conferir aquela apresentação, com tamanho reconhecimento que a banda possui em nosso país, sendo um dos maiores nomes do gênero. Qualquer um que esteve lá nesta noite pôde comprovar o porquê disso!

Setlist – Mythological Cold Towers


1 - In the Forgotten Melancholic Waves Of The Eternal Sea
2 - Lost Path to Ma-noa
3 - Beyond The Frontispiece (música nova)
4 - Vestiges (música nova)
5 - Immemorial
6 - Akakor


Já madrugada adentro e com o público sem mostrar sinais de cansaço, a HellLight já começava a se preparar. Antes do show, o baixista Alexandre comentou com os presentes que toda a renda arrecadada com as vendas de cd’s e camisetas da banda naquela noite se destinariam a uma instituição de caridade.

As cortinas se abrem e pudemos já sentir o clima funeral doom que embalaria o resto da noite. Com uma pequena introdução (com direito a velas!) a banda já começou de maneira inusitada, apresentando de cara uma música inédita que integrará seu próximo álbum. Apesar de o público não a conhecer, a sensação era de som já consagrado, posto que lá estavam curtindo cada nota e mostrando também a força da banda no país, que tem seus fãs que vão aonde quer que a banda esteja.
E isto era apenas o começo... Seguindo com músicas de seu último trabalho, que foram cantadas por todas (momento em que eu, por exemplo, já perdi o resto de voz que me sobrava), logo tivemos outra novidade: “Time”, música também inédita, que chamou a atenção pela adição dos vocais guturais pelo tecladista, Rafael Sade, e um instrumental cheio de feeling, como a banda sabe bem fazer.
A parte final do show ainda reservava outra grande surpresa, com o anúncio de a próxima música ter sido especialmente escolhida para esta noite, nunca antes tendo sido tocada ao vivo. Neste momento, os fãs de longa data da banda sentiram-se mais do que presenteados ao ouvir o clássico “In Memory Of The Old Spirits”. Para encerrar, a já conhecida “The Light That Brought Darkness” com seu refrão cativante, deixando a marca da banda nesta grande noite, que manteve o público ali presente e participativo até passadas 3h da manhã.


Setlist – HellLight


1- A Dive in the Dark (música nova)
2- Shades of Black
3- No God Above, No Devil Below
4- Time (música nova)
5- In Memory Of The Old Spirits
6- The Light That Brought Darkness

Os agradecimentos de todas as bandas devem ser lembrados: ao público, às próprias bandas, ao local escolhido, ao conjunto de fatores que fez desse evento mais um sucesso do mais obscuro gênero do metal, ainda mais em nosso país, com pouquíssima difusão em mídias especializadas e afins. O Legion of Nexus fest – Into The Dark Edition, com casa cheia, provou a união existente em nossa cena, com um público fiel e apaixonado que faz acontecer por eles próprios, garantindo a existência deste som que nos move!

Página do evento no Facebook (com fotos e vídeos)

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