Estilos de Doom Metal

Por que usar rótulos para classificar bandas de Doom Metal?

Esse tópico é algo muito discutido. A necessidade de se separar as bandas sob diferentes classificações vem basicamente na questão do consumo. Bandas de sonoridades semelhantes são classificadas sob um mesmo rótulo não como um selo de qualidade, mas para que o ouvinte tenha algo que o guie de acordo com suas preferências musicais.

Por exemplo, quando mencionamos música simples, enérgica e agressiva podemos imediatamente associar com Punk Rock. Se pensamos em um tipo de Heavy Metal complicado e técnico, pensamos primeiramente no Progressive Metal. Se procuramos Metal extremamente pesado e agressivo, procuraremos bandas de Death ou Black Metal.

Assim ocorre também com o Doom Metal. No Doom Metal temos tantas sonoridades diferentes que acabaram também surgindo nomenclaturas, ou rótulos, diferentes. O estilo é tão amplo que temos bandas mais tradicionais e épicas como o Candlemass e Solitude Aeturnus, mais viajantes como o Cathedral, mais agressivas como o November’s Doom, o som mais “romântico” do My Dying Bride e Anathema (primeiros álbuns), mais melódico do Swallow the Sun ou Saturnus, mais depressivo do Shape of Despair ou Remembrance, mais “monolítico” do Until Death Overtakes Me, e mais opressivo e aflitivo do Wormphlegm, Tyranny ou Disembowelment (diSEMBOWELMENT pros que preferirem assim). São bandas de sons tão diferentes que é impossível classificá-las apenas num estilo.

Assim sendo, e seguindo dos estilos mais tradicionais para os mais extremos, temos:


٠ Traditional Doom Metal
Primeira forma de DM existente, altamente influenciado pelo som feito pelo Black Sabbath em seus primeiros discos. Seu som é mais próximo do Heavy Metal tradicional, apenas pendendo mais pro lado mais pesado, usando bastante de riffs (normalmente muito influenciados pelos riffs de Tony Iommi). Utiliza predominantemente vocais limpos, às vezes com drive (embora algumas bandas mais modernas usem de guturais em algumas passagens de suas músicas). Algumas bandas usam teclados, normalmente como fundo. Se originou justamente do som produzido pelas bandas mais obscuras dos anos 70 (às vezes chamado de Proto-Doom), essencialmente o Black Sabbath, mas também algumas poucas outras como Pentagram e Bedemon.

Exemplos de bandas de “Trad” Doom seriam Saint Vitus, The Obsessed, Trouble, Reverend Bizarre, Mirror of Deception, Warning.

Também existe uma variante deste subestilo, chamada de Epic Doom Metal, mais calcada numa atmosfera mais dramática e épica, usando vocais também mais dramáticos e melódicos. Nesta linha temos Candlemass, Solitude Aeturnus, Ereb Altor, Isole, Doomshine, Doomsword, Memento Mori, Forsaken.


٠ Stoner Doom Metal
Estilo próximo do Doom mais tradicional e do Stoner Rock, foca-se basicamente em recriar a atmosfera psicodélica dos anos 70 e se aproxima muito da sonoridade das bandas da época. As bandas deste estilo costumam usar muitos efeitos de guitarra como o fuzz, o phaser e o flanger, além de muitas vezes também utilizar estes efeitos nas vozes. As guitarras neste estilo, no geral, usam muito de riffs com groove e costumam ter um som bem “cheio”.

Bandas de Stoner Doom: Cathedral, Electric Wizard, Abdullah, Sleep


٠ Sludge Doom Metal
Forma de Doom Metal que também empresta características de outros dois estilos: o Hardcore e o Southern Rock. Conta com vocais mais raivosos, às vezes gritados, e usa de uma atmosfera no geral mais “nervosa” do que os outros estilos de DM. As guitarras no Sludge Doom costumam ser bastante pesadas e cruas, usando muito da distorção e do feedback pra criar uma “massa” sonora mais densa e “abrasiva”, focando-se basicamente em riffs.

Exemplos de Sludge Doom são Eyehategod, Neurosis, Crowbar, Grief, Corrupted, Down.


٠ Death Doom Metal
Estilo que apareceu no fim da década de 80, com o surgimento de bandas da segunda geração de Doom Metal, cujas mais notórias foram Paradise Lost, Anathema, My Dying Bride (estas, as mais populares), além de Winter, Disembowelment e Thergothon que, embora bem menos conhecidas que as três primeiras, foram definitivas na sua formação. Estas bandas pegaram influências do Death Metal, como vocais guturais, passagens rápidas (às vezes com “blasting beats”), atmosferas mais mórbidas e sinistras e, muitas vezes, estruturas mais agressivas e bem mais pesadas do que o Doom Tradicional. Não é incomum, neste estilo, o uso de violinos e teclados, normalmente usados para acrescentar um sentimento de tristeza e desespero às músicas.

Exemplos de Death Doom, além das bandas já mencionadas, são Amorphis (até o album Elegy), Morgion, Mourning Beloveth, Before the Rain, November’s Doom, Forest of Shadows, My Shameful.
Numa linha mais melódica, temos Saturnus, Officium Triste, Poema Arcanus, Swallow the Sun.


٠ Dark Doom Metal ou Black Doom Metal
Podemos resumir o Dark Doom Metal a um estilo híbrido do Black e Doom Metal, algumas vezes também com influências de Darkwave. Este estilo costuma ter uma sonoridade mais agressiva, odiosa, suicida e gélida, além de utilizar-se dos vocais gritados e ríspidos (algumas vezes, realmente extremos e desesperadores), as guitarras rápidas, às vezes em trêmolo, e partes rápidas do Black Metal. Aliás, este estilo foca-se bastante nessa atmosfera vazia e suicida do BM.

Provavelmente, os nomes mais significantes deste estilo sejam Katatonia (primeiros álbuns), Deinonychus, Bethlehem, Cultus Sanguine, Forgotten Tomb, Forest Sream e Ajattara.


٠ Funeral Doom Metal
Poderíamos dizer que o Funeral Doom seria uma forma ainda mais extrema de Death Doom mas, na verdade, mais correto seria chamá-lo de irmão deste estilo. Isso porque, além de ter “nascido” praticamente ao mesmo tempo que o Death Doom, o Funeral, em geral, utiliza estruturas menos complexas e menor variação musical do que este outro. O Funeral se caracteriza por andamentos extremamente lentos, guitarras e baixo extremamente distorcidos e em baixa afinação, além de vocais guturais mais “cavernosos” e mais distorcidos do que no Death Doom, que muitas vezes, têm menor destaque do que neste e costumam ficar mais ao fundo. O Funeral também se baseia muito na criação de atmosferas desoladoras, opressivas e melancólicas e eleva a questão do peso a um patamar mais alto. As bandas de Funeral costumam fazer bastante uso de teclados, normalmente como background, para criação dessas atmosferas, e, algumas vezes, usam vocais em coros (incluindo estilos como cantos gregorianos, por ex) para a criação de um som mais fúnebre ou solene.
Grandes nomes do Funeral são Thergothon, Funeral (primeiros álbuns), Skepticism, Esoteric, Evoken (a partir de seu segundo album – até então eram Death Doom), Tyranny, Ataraxie, Doom:vs, Ahab, Pantheist e Mournful Congregation.

Existem também variações que usam influências de música Dark Ambient e criam sons mais atmosféricos, mais de “sonho”, focando menos no peso e mais nesse lado mais melancólico, representado por bandas como Shape of Despair (talvez o maior nome deste subestilo), Colosseum, Ea, Until Death Overtakes Me, Monolithe, Remembrance e Lethian Dreams.

Uma terceira variante combina elementos do Black Metal com o Funeral, uma versão mais extrema do Black Doom/ Dark Doom, talvez, usando das atmosferas mais gélidas, guitarras em trêmolo e vocais gritados, mas mantendo os tempos ultra-lentos do Funeral e sua sonoridade mais depressiva. Bandas nesta linha são Nortt, Dictator, Arcana Coelestia, Summoning, Isolation e Hjarnidaudi.


٠ Drone Doom Metal
O site Doom-Metal.com questiona se ainda podemos chamar este estilo de música no sentido mais intrínseco da palavra, visto que o Drone Doom se baseia mais em criar sons ambientes e atmosfera utilizando-se de notas persistentes, feedback dos instrumentos, além de ruídos e efeitos sonoros, normalmente sem uma sessão rítmica (especialmente bateria) ou vocais. Todos os limites de lentidão e peso são ultrapassados (ou abandonados) para criar atmosferas ou até mesmo “cenas” sonoras de desolação ou vazio.

Bandas de Drone Doom: Earth, Sunn O))), Moonn D))), Pelican, Khanate, o projeto brasileiro Abismo.