quarta-feira, 30 de junho de 2010

Review > Shape of Despair – Angels of Distress (2001)

Gravadora: Spinefarm Records


Se alguém me perguntasse o que é tristeza, provavelmente eu mostraria pra essa pessoa este álbum.

O debut da banda finlandesa Shape of Despair, Shades of..., embora cult, parece não ter, pra mim, alguma coisa que o destaque, aquele toque a mais. Talvez até porque as músicas soem muito parecidas entre si, especialmente nos andamentos, sendo Sylvan-Night o único destaque. 

Angels of Distress, embora use basicamente a mesma fórmula, vai ainda mais longe, e o que pode ser considerado por alguns como o maior defeito do álbum, pra mim, é um de seus pontos fortes: as orquestrações. A música nele é minimalista, com as guitarras, no geral, apenas usando palhetadas em linhas retas e servindo como base para as orquestrações que, em várias camadas, ditam realmente a melodia da música, que é triste, pesada, com uma atmosfera desesperadora, e até mesmo monótona e repetitiva, quase como um transe.


A produção do álbum é boa e, embora as guitarras pudessem estar mais altas na mixagem, no geral é fácil distinguir os instrumentos. O baixo, particularmente, soa muito bem e é bem audível.

Os vocais femininos de Natalie Koskinen, na maior parte do disco, são usados mais como instrumento do que como vocais principais, e melhor seria dizer que eles soam "etéreos" do que "angelicais". Já os guturais do estreante Pasi Koskinen – que, na época, ainda fazia parte do Amorphis, outra de minhas bandas preferidas (e que, infelizmente, parece não ter aproveitado todo o potencial do vocalista) – são profundos e poderosos e mesmo assim, emocionais. 

O disco tem apenas 5 faixas, num total de 54 minutos, coisa até natural se tratando de Funeral Doom. Ele abre com uma faixa quase instrumental, Fallen, a mais inexpressiva de todas, embora funcione bem como prelúdio, seguindo com a faixa-título do álbum, talvez a mais pesada e direta, e Quiet These Paintings Are¸ ambas excelentes faixas que transbordam melancolia, usando em conjunto os vocais femininos em coral com as orquestrações de teclado, contrastando com as partes pesadas ou como pano de fundo para os excelentes guturais (eu admito, sou fã deste vocalista! :). 

Já a quarta faixa, ...To Live for My Death...¸ é uma das mais belas e, provavelmente, a mais melancólica música já escrita em todo o Metal (e talvez além dele). Ela apresenta um dos poucos riffs que fogem do padrão reto do álbum, e as orquestrações e o belo coral formado pelas vozes limpas de Natalie e Pasi são uma triste introdução para o desespero contido nos guturais que entram em seguida. É possível sentir toda a carga interpretada por Pasi quando ele diz "nothing left to feel... nor to understand", como se você visse uma vida desaparecer nesse momento. 

O álbum fecha com Night’s Dew, a faixa mais “rápida” e tranqüila do disco, que consegue ser, ao mesmo tempo, triste, mas bela e com uma certa atmosfera de esperança, talvez pra quebrar o clima “down” geral do álbum. 

Resumindo, este é um dos meus 5 discos favoritos de todos os tempos. Pra quem gosta do Funeral Doom atmosférico, mais melancólico do que sinistro, menos cru e com muitas nuances, é um álbum obrigatório. Dificilmente você ouvirá algo mais triste que isso em vida...

Myspace Shape of Despair

5 comentários:

  1. Shape é fodimais!


    Rola um review de Skepticism? Ou de alguma banda mais desconhecida?

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  2. Eu reconheço, o Shape é talvez a banda mais "mainstream" (se é q a gente pode chamar assim) no Funeral, mas esse álbum é maravilhoso, eu tinha q fazer! kkkk

    Skepticism é muito bom, o Stormcrowfleet foi o primeiro CD de Funeral q eu comprei, e é claro q vão haver ainda muitos outros reviews. Se quiser um álbum específico, pode deixar sua sugestão q, assim q der, eu acrescento.

    Enquanto isso, já conferiu o review do Ahab?

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Angels of Distress me fez entrar em paranóia na primeira audição que tive do álbum. E ..To Live for My Death me fez perceber o quanto uma música pode ter beleza e desespero ao mesmo tempo.

    Mas confesso que eu escuto muito mais o Illusions Play, por ser um álbum com mais faixas , músicas mais curtas, maior participação da Natalie etc. Um álbum menos brilhante que o AoD, mas ainda sim muitissimo empolgante

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  5. O Illusions é um álbum bem mais direto, com muito menos orquestrações e mais direcionado pra guitarra. É um ótimo álbum, mas perde um pouco em originalidade e qualidade em relação ao Angels, na minha opinião (embora Still Motion e Entwined in Misery sejam perfeitas!). Mais pra frente, deve rolar um review dele aqui também.

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