quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Review > Pain of Soul – The Cold Lament (2011)


Gravadora: Fonomidia/Independente

Algum tempo depois de entrar em contato comigo por e-mail alguns meses atrás, a banda Pain of Soul, que é de Santa Catarina e já tem mais de 10 anos de estrada (mas que, pra mim, era desconhecida até então) me causou duas surpresas.

A 1ª foi receber em casa, pelo correio, o CD da banda, com release e tudo, uma particularidade inesperada na época em que temos a facilidade de simplesmente jogar tudo na net e mandar um link pra download. Eu, pessoalmente, gosto de ter os CDs em mãos e isso já me causou uma boa impressão.

No entanto, quando pus o CD pra rodar e olhei o encarte, logo pensei: “ah não, mais uma banda de Gothic Metal?” Um preconceito a que muitos provavelmente vão incorrer ao perceberem que eles usam a velha fórmula dos vocais “beauty and beast” (feminino limpo e masculino gutural). Aí, veio a segunda surpresa: não poderia estar mais errado. A Pain of Soul, ao invés das influencias góticas, do uso de teclados e dos ritmos levemente dançantes que se esperariam de uma banda com esse tipo de vocal, seguiu um caminho incomum e suas principais influencias parecem ser Katatonia, My Dying Bride (principalmente os primeiros álbuns) e... Iron Maiden!

Pois é. A banda alterna momentos de Death Doom mais tradicional com outros de andamentos médios a rápidos, com muita influência de Death Metal e Heavy Metal tradicional, com incontáveis riffs melódicos, introduções e interlúdios acústicos que ouvimos em quase todo o disco.

O álbum já começa mostrando essa alternância entre o Doom extremo e o Heavy nas faixas The Cold Lament e Nightscream (que tem uma certa parte que lembra muito Transylvania, do Maiden), mas, depois, passa por um momento mais agressivo em Damn Kingdom, fica levemente mais atmosférico em Ruhe Sanft (que também tem algumas partes agressivas) e Das Tal Des Vohlstandes (estas duas cantadas em alemão) e fecha com Sweet Suffering e um Death Metal mais direto de Dark Lord.

O instrumental é excelente, as guitarras despejam riffs e mais riffs cheios de melodia, mas ainda assim, muito pesados, a “cozinha” (baixo e bateria), usa de muita variação rítmica e quebras de tempos, com muitas viradas e bumbo duplo. O curioso é que a banda não usa teclados.

Sobre os vocais, os guturais de Joel cumprem o seu papel numa banda de Death Doom, com um timbre típico do estilo. Já os vocais limpos da Dani seguem por uma linha “semilírica”, usando a potência de sua voz sem chegar a soar realmente como ópera, e fugindo daquele tom “doce” (e, às vezes, insosso) usado por vocalistas como Liv Kristine. Mesmo assim, em alguns momentos, ela acaba soando um pouco exagerada (ouça a faixa Nightscream e você provavelmente vai entender o que digo). No entanto, embora não seja tecnicamente perfeita e sua voz soe um pouco “crua”, Dani compensa colocando muita emoção em seus vocais e consegue soar maravilhosamente em Ruhe Sanft, seu grande e mais emocionante momento no álbum, mostrando que tem muito potencial.

Por fim, a produção geral do álbum é muito boa (tirando o detalhe da voz de Dani soar meio “seca”), com todos os instrumentos audíveis e muito bem timbrados (gostei muito do timbre das guitarras, aliás) e, ao longo de várias audições pra escrever este review, percebi que o mesmo cresceu muito pra mim e que realmente passei a gostar dele.

Um álbum obrigatório pra quem é fã de My Dying Bride antigo e Katatonia do Dance of December Souls, e que curte vocais femininos. E se você não gosta de vocais femininos mas é fã das bandas citadas, ou mesmo de um bom Death Doom melódico, dê uma chance ao álbum e ouça mesmo assim, pois a Pain of Soul parece ser uma das grandes promessas do Doom Metal nacional (inclusive eles estiveram em turnê na Europa no mês de setembro).



2 comentários:

  1. Estão de parabéns pelo CD, já adquiri o meu!!! Abraços e até o próximo show. Alexandre W.A

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    1. Ficamos imensamente gratos pelos comentários... grande abraço e até breve!!!

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