Gravadora: Profound Lore
A banda estadunidense Evoken é uma
daquelas que, desde que a conheci, acredito que na época do
Antithesis of Light, não me decepcionou. E ao invés de tornar seu
som mais suave ao longo dos anos, como fizeram e vem fazendo muitas
bandas de Doom extremo como My Dying Bride e Ahab (sem nem mencionar
Anathema e outras porque já se tornou redundante), Evoken se mantém
fazendo álbuns que só não são mais pesados que os anteriores
porque isso é praticamente impossível.
Todas as faixas apresentam muitas
variações de andamentos e atmosferas, pausas, melodias de guitarras
ou teclados, e seguem sempre em progressão, raramente voltando por
onde já passaram. A melancolia das faixas não é aquela típica
tristeza romântica que normalmente se espera do Doom extremo, mas um
sentimento mais negro e vazio, próximo de bandas como Thergothon ou
Disembowelment. Por ser um disco um bocado experimental, as músicas
podem ser difíceis de assimilar, principalmente por seu lado
progressivo e pela falta de repetição.
O instrumental é muito pesado (talvez
só não sendo mais pesado que o Antithesis of Light), bastante
trabalhado e muito bem construído, cozinha alternando andamentos,
alguns trechos mais quebrados, boas viradas e ocasional uso do bumbo
duplo. Frequentemente entram curtas passagens mais atmosféricas, às
vezes até calmas, usando guitarras acústicas para tornar o som mais
melancólico ou macabro, do mesmo modo que faziam os australianos da
Disembowelment. As guitarras também trazem fraseados e solos aqui e
ali, com melodias e feeling sensacionais, como no final da faixa
Descent into Chaotic Dream. Sobre os teclados, esta é uma das bandas
que melhor sabe usá-los sem tirar o foco do peso no seu som,
normalmente criando atmosferas mais sinistras.
Os vocais predominantes são guturais
que usam bastante reverb e passam aquela sensação claustrofóbica
de “fundo da caverna”, com alguns outros trechos apresentando
vocais sussurrados. Diferentemente do que faz a banda My Dying Bride,
no entanto, ao invés de declamações, esses sussurros são mais
como lamentos, que contribuem para a atmosfera desoladora do álbum,
e sua participação no disco é mínima.
O disco tem intervenções interessantes de teclado, às vezes até psicodélicas, como na faixa Atra Mors, ou mais sinistros como na já mencionada Descent..., e as músicas diversas vezes se alternam entre passagens agressivas mais Death, e outras mais pesadas e lentas de Funeral. Algumas tem passagens mais épicas, como Grim Eloquence (possivelmente a mais pesada do álbum), que, assim como An Extrinsic Divide, também contam com as melodias de violoncelo já típicas da banda. O disco conta também com dois interlúdios intrumentais, A Tenebrous Vision, uma curta e triste faixa ao piano, com um clima bastante nostálgico, e Requies Aeterna, apenas com violão e violoncelo.
A última faixa, Into Aphotic Devastation, tem uma das atmosferas mais tenebrosas que já ouvi, e que lembra um pouco os tempos dourados do My Dying Bride.
Em questão de produção, o disco é
razoável. Pode-se ouvir bem os intrumentos, e eu particularmente
gosto dessa atmosfera cavernosa e do excesso de reverb, mas a
timbragem das guitarras, por algum motivo, não me agrada tanto. Elas
muitas vezes me soam muito agudas pro estilo, enquanto ao mesmo tempo
abafadas e um pouco baixas.
É difícil dizer se este é o melhor
álbum do Evoken, já que a banda tem na discografia os álbuns
Tragedy Eternal e Quietus (o meu favorito), mas o que podemos afirmar
é que ele provavelmente é o mais experimental da banda até hoje e
também que foi um dos melhores lançamentos do ano de 2012 na cena
Doom.
Vale lembrar que o Evoken lançou, em
2010, um split com a banda Beneath the Frozen Soil, que traz 4 faixas
da banda. Por fim, se você já curte o trabalho deles, acredito que
gostará muito deste disco. Mas se você não conhece o som da banda,
mas procura um Death/Funeral pesadíssimo e com um clima extremamente
tenebroso, confira!
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