terça-feira, 23 de outubro de 2012

Review > Pantheist – Pantheist (2011)

Gravadora: Grau Records

A banda Pantheist, anteriormente Pantheïst, tem uma carreira inconstante no meio Doom. A banda lançou um dos maiores clássicos do Funeral, seu 'debut' O Solitude, e, antes disso, uma demo que virou cult, 1000 Years. Depois, lançou um disco controverso, Amartia, um álbum mediano, com vocais limpos tão forçados que beiram o ridículo e um uso exagerado de vocais narrados (talvez porque os vocais de Amartia foram gravados por membros do Esoteric), disco este que normalmente causa amor ou ódio entre os fãs. Lançou um EP que demonstrou que a banda ainda tinha potencial, The Pains of Sleep, com duas ótimas músicas próprias e um grande cover para uma música do Katatonia. Depois, lançou um disco mais voltado ao Death Doom, mas numa linha mais atmosférica/melódica que não causou muito impacto na cena. E depois de tantos altos e baixos, lançou, em 2011, um álbum homônimo à banda e que parece que passou despercebido pelos fãs de Doom Metal, o que me pareceu até uma injustiça, pois Pantheist é um excelente disco.

O álbum mostra, na parte instrumental, um direcionamento entre o Funeral de O Solitude e o som mais atmosférico de Journey Through Lands Unknown. Os vocais são quase que integralmente limpos e melódicos, sem os corais influenciados pelo canto gregoriano do inicio da carreira e, felizmente, sem a empostação extremamente forçada do disco Amartia, mais parecidos com o disco anterior. No geral, o disco é mais lento e melancólico que o anterior, com uma forte carga emocional e um clima bastante nostálgico.

A banda traz uma forte influência do rock psicodélico e progressivo do Pink Floyd neste álbum, evidente em quase todo ele, nas atmosferas, vocais, guitarras acústicas e teclados.

O uso dos teclados se assemelha ao do disco O Solitude em algumas partes, com o som de órgão de tubos, mas se alternando com pianos ou aquele som de sintetizadores típico de bandas setentistas como o próprio Floyd. As guitarras alternam entre bases pesadíssimas, ótimos riffs Doom (como os presentes em Brighter Days, que mais uma vez revelam como o Pink Floyd foi uma influência) e bases acústicas nas partes mais calmas das músicas.

Os vocais limpos de Kostas Panagiotou não são altamente técnicos, mas cumprem muito bem seu papel com boas melodias, e especialmente por serem bastante emocionais. Seu sotaque, no entanto, é notavelmente forte e torna a pronúncia de muitas palavras bastante estranha, como “back”.

A estrutura das músicas varia bastante, sem se prenderem a uma fórmula, seguindo essa influência progressiva citada anteriormente, embora algumas até mesmo tenham refrões. Tecnicamente, a banda está em boa forma, as músicas são muito bem construídas e os intrumentos, bem executados. As letras falam sobre assuntos muito humanos, mas se focam basicamente em relacionamentos, falando sobre possessividade, raiva, decepção, solidão e saudade, com algumas leves menções religiosas.

O disco é bastante homogêneo e as faixas são todas muito boas. Por isso, é dificil destacar alguma, mas provavelmente minha preferida é Be Here. Talvez The Storm e Broken Statue também. Live Through Me, embora muito boa, não me pareceu uma boa escolha para fechar o álbum. E a faixa 4:59 me pareceu desnecessariamente longa e monótona, mas não chega a estragar o álbum.

A produção é boa, com boa timbragem das guitarras. Os vocais, no entanto, às vezes parecem um pouco “afogados” pelo instrumental.

A faixa The Storm, sem dúvida alguma, poderia estar no primeiro álbum da banda (ao menos até lá pela metade dela) e, se você sente falta daquele tipo de som e está com um pé atrás com a banda depois dos últimos lançamentos, comece a audição por ela. É, inclusive, a única faixa do disco a apresentar guturais (tirando breves passagens em uma ou outra música) e, talvez, a mais progressiva.

Se você se decepcionou com os álbuns anteriores do Pantheist, mas curte um Funeral atmosférico e com um leve toque psicodélico, dê uma chance e escute, tenho quase certeza que não vai se arrepender.



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