A banda Pantheist,
anteriormente Pantheïst, tem uma carreira inconstante no meio Doom.
A banda lançou um dos maiores clássicos do Funeral, seu 'debut' O
Solitude, e, antes disso, uma demo que virou cult, 1000 Years.
Depois, lançou um disco controverso, Amartia, um álbum mediano, com vocais limpos tão forçados que beiram o ridículo e um uso exagerado de vocais narrados (talvez porque os vocais de Amartia foram gravados por membros do Esoteric),
disco este que normalmente causa amor ou ódio entre os fãs. Lançou
um EP que demonstrou que a banda ainda tinha potencial, The Pains of
Sleep, com duas ótimas músicas próprias e um grande cover para uma
música do Katatonia. Depois, lançou um disco mais voltado ao Death
Doom, mas numa linha mais atmosférica/melódica que não causou muito impacto na cena. E depois de tantos altos e baixos, lançou, em
2011, um álbum homônimo à banda e que parece que passou
despercebido pelos fãs de Doom Metal, o que me pareceu até uma
injustiça, pois Pantheist é um excelente disco.
O álbum mostra, na
parte instrumental, um direcionamento entre o Funeral de O Solitude e
o som mais atmosférico de Journey Through Lands Unknown. Os vocais
são quase que integralmente limpos e melódicos, sem os corais
influenciados pelo canto gregoriano do inicio da carreira e,
felizmente, sem a empostação extremamente forçada do disco
Amartia, mais parecidos com o disco anterior. No geral,
o disco é mais lento e melancólico que o anterior, com uma forte
carga emocional e um clima bastante nostálgico.
A banda traz uma forte
influência do rock psicodélico e progressivo do Pink Floyd neste
álbum, evidente em quase todo ele, nas atmosferas, vocais, guitarras
acústicas e teclados.
O uso dos teclados se
assemelha ao do disco O Solitude em algumas partes, com o som de órgão de tubos, mas se
alternando com pianos ou aquele som de sintetizadores típico de
bandas setentistas como o próprio Floyd. As guitarras alternam entre
bases pesadíssimas, ótimos riffs Doom (como os presentes em
Brighter Days, que mais uma vez revelam como o Pink Floyd foi uma
influência) e bases acústicas nas partes mais calmas das músicas.
Os vocais limpos de
Kostas Panagiotou não são altamente técnicos, mas cumprem muito
bem seu papel com boas melodias, e especialmente por serem
bastante emocionais. Seu sotaque, no entanto, é notavelmente
forte e torna a pronúncia de muitas palavras bastante estranha, como
“back”.
A estrutura das músicas
varia bastante, sem se prenderem a uma fórmula, seguindo essa
influência progressiva citada anteriormente, embora algumas até
mesmo tenham refrões. Tecnicamente, a banda está em boa forma,
as músicas são muito bem construídas e os intrumentos, bem
executados. As letras falam sobre assuntos muito humanos, mas se
focam basicamente em relacionamentos, falando sobre
possessividade, raiva, decepção, solidão e saudade, com algumas leves menções religiosas.
O disco é bastante
homogêneo e as faixas são todas muito boas. Por isso, é dificil
destacar alguma, mas provavelmente minha preferida é Be Here. Talvez
The Storm e Broken Statue também. Live Through Me, embora muito boa,
não me pareceu uma boa escolha para fechar o álbum. E a faixa 4:59
me pareceu desnecessariamente longa e monótona, mas não chega a
estragar o álbum.
A produção é boa, com boa timbragem das
guitarras. Os vocais, no entanto, às vezes parecem um pouco
“afogados” pelo instrumental.
A faixa The Storm, sem
dúvida alguma, poderia estar no primeiro álbum da banda (ao menos
até lá pela metade dela) e, se você sente falta daquele tipo de
som e está com um pé atrás com a banda depois dos últimos
lançamentos, comece a audição por ela. É, inclusive, a única
faixa do disco a apresentar guturais (tirando breves passagens em uma ou outra música) e, talvez, a mais progressiva.
Se você se decepcionou
com os álbuns anteriores do Pantheist, mas curte um Funeral
atmosférico e com um leve toque psicodélico, dê uma chance e
escute, tenho quase certeza que não vai se arrepender.