A Soul’s Silence é uma banda natural de São Paulo, formada em 2006, composta por Airton Alves (vocais), Kleber Silva (guitarras e backing vocals), Jeferson Menezes (teclados), Rodrigo Sughayyer (baixo) e Sergio Barsant (bateria). Nitidamente influenciados pelo trabalho de ícones como Amorphis, EverEve (Seasons), Moonspell e My Dying Bride, os paulistas apostam numa sonoridade voltada para o Doom/Gothic Metal*, com uma dose consciente e eficaz de Prog Metal.
Como primeiro registro da banda em estúdio, Act I: Sorrow (2012) mostra consistência e coesão nas cinco faixas que o compõem, marcado por riffs melódicos construídos em cima de escalas orientais, que conferem um diferencial interessante para o subgênero, acompanhados por teclados marcantes ao ouvinte e um vocal de extrema competência, predominantemente gutural, alternando em passagens líricas que flertam com a vertente tradicional de caráter mais épico do Doom Metal, resultando em arranjos vocais bem trabalhados. A cozinha da banda conta com um baixo bem atuante, não contido apenas à função de atribuir peso às composições, com momentos de destaque e em constante projeção, soando pulsante e vigoroso, em harmonia com uma bateria impulsiva e dinâmica, conduzindo as composições de momentos mais cadenciados aos mais frenéticos.
World Of Illusions abre o play de forma competente, trazendo todas as características que fazem de Act I: Sorrow um grande trabalho. Os riffs melódicos, o peso em contraste com a atmosfera misteriosa e ímpia dos teclados, as alternâncias de andamento, os vocais guturais projetados, tudo funciona para propiciar uma ambiência condenada. Sem dúvidas, um dos pontos altos do disco. Seguindo com Anubis, as proposições da faixa anterior são mantidas. Destaques para as melodias de teclado e as passagens com vocais limpos, casando perfeitamente com o peso e a dinâmica da composição.
Em Great Sinner, os elementos formadores de uma atmosfera misteriosa compactuam com um certo caráter épico, propiciado pelos riffs de guitarra em comunhão com os teclados. Os guturais tendo como resposta vocais limpos, ora rasgados, dão um brilho adicional à faixa. A forma como a composição é conduzida pela bateria e baixo pulsante mostram uma diversidade que merece destaque, sendo trabalhada com mais força na composição seguinte, Bitter Land, revelando ao ouvinte a capacidade da banda de reinventar sua sonoridade sem desvirtuar sua proposta. Atenções voltadas especialmente para o trabalho das guitarras, fazendo desta uma composição cadenciada e estéticamente forte, com quebras interessantes, propiciadas pelos pianos que atribuem um diferencial que toma atenção do ouvinte.
Entrando num contraponto, Anima Crush fecha o disco com uma pegada mais melódica e pulsante, lembrando em parte os primeiros trabalhos do Septic Flesh, alternando para trechos mais introspectivos que dão a “cara” da Soul’s Silence. Mais uma vez, os teclados fazem a diferença na atmosfera da música, pontuando a composição em seu princípio, meio e fim. Destaque para o trabalho vocal, de grande força, seja nos guturais ou nas passagens narradas.
Em termos técnicos, a produção do disco compromete um pouco o geral. As músicas soam um pouco abafadas e a distorção das guitarras faz o disco parecer mais “sujo” do que poderia ser, embora seja possível ouvir todos os instrumentos e vozes de forma satisfatória. Como primeiro registro, Act I: Sorrow causa uma ótima impressão sobre a banda, que com certeza tem um futuro promissor pela frente, não estagnando numa vertente já batida e saturada como atualmente encontra-se o Doom/Gothic Metal.
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[*Nota do admin: Doom/Gothic é como a própria banda se rotula; pessoalmente, nós diríamos que eles fazem Death Doom Metal mesmo.]
Resenha por Tork Highill (tork_highill@yahoo.com.br)
Symphony of Discordia