Gravadora: Fonomidia/Independente
Algum tempo depois de
entrar em contato comigo por e-mail alguns meses atrás, a banda Pain
of Soul, que é de Santa Catarina e já tem mais de 10 anos de
estrada (mas que, pra mim, era desconhecida até então) me causou
duas surpresas.
A 1ª foi receber em
casa, pelo correio, o CD da banda, com release e tudo, uma
particularidade inesperada na época em que temos a facilidade de
simplesmente jogar tudo na net e mandar um link pra download. Eu,
pessoalmente, gosto de ter os CDs em mãos e isso já me causou uma
boa impressão.
No entanto, quando pus
o CD pra rodar e olhei o encarte, logo pensei: “ah não, mais uma
banda de Gothic Metal?” Um preconceito a que muitos provavelmente
vão incorrer ao perceberem que eles usam a velha fórmula dos vocais
“beauty and beast” (feminino limpo e masculino gutural). Aí,
veio a segunda surpresa: não poderia estar mais errado. A Pain of
Soul, ao invés das influencias góticas, do uso de teclados e dos
ritmos levemente dançantes que se esperariam de uma banda com esse
tipo de vocal, seguiu um caminho incomum e suas principais
influencias parecem ser Katatonia, My Dying Bride (principalmente os
primeiros álbuns) e... Iron Maiden!
Pois é. A banda
alterna momentos de Death Doom mais tradicional com outros de
andamentos médios a rápidos, com muita influência de Death Metal e
Heavy Metal tradicional, com incontáveis riffs melódicos, introduções e interlúdios
acústicos que ouvimos em quase todo o disco.
O álbum já começa
mostrando essa alternância entre o Doom extremo e o Heavy nas faixas
The Cold Lament e Nightscream (que tem uma certa parte que lembra
muito Transylvania, do Maiden), mas, depois, passa por um momento
mais agressivo em Damn Kingdom, fica levemente mais atmosférico em
Ruhe Sanft (que também tem algumas partes agressivas) e Das Tal Des
Vohlstandes (estas duas cantadas em alemão) e fecha com Sweet
Suffering e um Death Metal mais direto de Dark Lord.
O instrumental é
excelente, as guitarras despejam riffs e mais riffs cheios de
melodia, mas ainda assim, muito pesados, a “cozinha” (baixo e
bateria), usa de muita variação rítmica e quebras de tempos, com
muitas viradas e bumbo duplo. O curioso é que a banda não usa teclados.
Sobre os vocais, os
guturais de Joel cumprem o seu papel numa banda de Death Doom, com um
timbre típico do estilo. Já os vocais limpos da Dani seguem por uma
linha “semilírica”, usando a potência de sua voz sem chegar a
soar realmente como ópera, e fugindo daquele tom “doce” (e, às
vezes, insosso) usado por vocalistas como Liv Kristine. Mesmo assim,
em alguns momentos, ela acaba soando um pouco exagerada (ouça a
faixa Nightscream e você provavelmente vai entender o que digo). No
entanto, embora não seja tecnicamente perfeita e sua voz soe um
pouco “crua”, Dani compensa colocando muita emoção em seus
vocais e consegue soar maravilhosamente em Ruhe Sanft, seu grande e
mais emocionante momento no álbum, mostrando que tem muito
potencial.
Por fim, a produção
geral do álbum é muito boa (tirando o detalhe da voz de Dani soar
meio “seca”), com todos os instrumentos audíveis e muito bem
timbrados (gostei muito do timbre das guitarras, aliás) e, ao longo de várias audições pra escrever este review,
percebi que o mesmo cresceu muito pra mim e que realmente passei a
gostar dele.
Um álbum obrigatório
pra quem é fã de My Dying Bride antigo e Katatonia do Dance of
December Souls, e que curte vocais femininos. E se você não gosta
de vocais femininos mas é fã das bandas citadas, ou mesmo de um bom
Death Doom melódico, dê uma chance ao álbum e ouça mesmo assim,
pois a Pain of Soul parece ser uma das grandes promessas do Doom
Metal nacional (inclusive eles estiveram em turnê na Europa no mês
de setembro).
Myspace: http://www.myspace.com/painofsoul
Estão de parabéns pelo CD, já adquiri o meu!!! Abraços e até o próximo show. Alexandre W.A
ResponderExcluirFicamos imensamente gratos pelos comentários... grande abraço e até breve!!!
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